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Sejam bem-vindos! Este blog é uma tentativa de exercitar a insanidade de modo construtivo ou de destruir convenções via sanidade. Tanto faz. Caso você se pergunte sobre a minha seriedade aqui, explico com um trecho do Principia Discordia:

"- Você fala realmente sério, ou o quê?
- Algumas vezes eu trato o humor seriamente. Algumas vezes eu trato a seriedade humoristicamente. De qualquer forma, é irrelevante.
- Talvez você só seja maluco.
- Verdade! Mas não rejeite estes ensinamentos como falsos só porque eu sou maluco. A razão pela qual eu sou maluco é porque eles são verdadeiros."

Namastê!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A GELADEIRA DIABÓLICA - Resenha crítica de um filme que você (erradamente) nunca pensou em ver

Retornemos aos clássicos.  A Geladeira Diabólica (The Refrigerator, 1991) conta a história de Steve e Eileen, um jovem casal que deseja iniciar a vida em Nova York.  Com alguma dificuldade, eles encontram um apartamento na periferia da cidade, no Brooklin, se bem me lembro. O aluguel é ótimo e o apartamento já vem com geladeira!

Mas o jovem casal não sabe que a vizinhança caricata será seu menor problema. Steve começa a experimentar estranhas mudanças psicológicas. Ele já era esquisito no começo do filme e progressivamente piora (ou melhora, na minha perspectiva). O apê possui um acobertado histórico de desaparecimentos. O dono não está disposto a falar a respeito, pois deseja apenas novos locatários. Primeira lição do filme: Pergunte sobre o histórico sobrenatural do apê que você pretende alugar. Sério.
Apenas algumas poucas pessoas sabem a verdade sobre o funesto lugar. Uma delas é Juan, o encanador. E aqui temos um dos pontos altos do filme, pois o papel é de ninguém menos que Freddie Mercury, oculto sob o pseudônimo Angel Caban. Juan e seu auxiliar Paolo passam a frequentar o apartamento, especialmente quando Steve não está. Assim começa a nascer uma conexão caliente entre Juan e Eileen.  Segunda lição do filme: Não subestime o efeito de um encanador bigodudo e semi-careca sobre sua esposa.
Enquanto Steve aos poucos enlouquece e se afasta de Eileen (e o esperto Juan se aproxima mais e mais), personagens secundários começam a desaparecer dentro do apê. Neste ponto, não há mistério pra nós, espectadores, pois o filme já começa com uma tórrida cena de sexo no chão da cozinha, interrompida por um ataque mortal da geladeira. Terceira lição: Sexo selvagem no chão pode ser inesquecível, mas pode custar sua vida. Cabe avaliar a relação custo-benefício.   
A geladeira domina psicologicamente os personagens e talvez mesmo os atores. A loucura de Steve é fomentada por sonhos e alucinações. Em uma das mais bizarras, seu ditatorial chefe faz um emocionado e profundo discurso, miniaturizado, entre as prateleiras da geladeira. As atuações são um capítulo a parte. A dramaticidade é indescritível.
As cenas de morte dos personagens secundários também salvam, por si, o filme. Paolo é mastigado pela geladeira, que usa a porta como mandíbula. A mãe de Eileen é engolida inteira mesmo. E a geladeira é autolimpante, pois o sangue que jorra abundantemente no chão, janelas e na geladeira em si não está mais lá quando os personagens centrais retornam à cena. Quarta lição: Desconfie dos eletrodomésticos autolimpantes. A satânica e constante luz vermelha do interior da geladeira leva à quinta lição: Se sua geladeira parece um bordel antigo, livre-se dela.
Atormentada, Eileen busca respostas, ajudada pelo incansável Juan. Sexta lição: Meninas, desconfiem daqueles “amigos” solícitos demais. Vocês sabem o que eles querem, né? Querem apenas sobreviver ao ataque final das forças sobrenaturais, neste filme trash que é nossa vida... Assim, Eileen e Juan procuram a enigmática cigana Tania, que os roteiristas tiveram a coragem de fazer morar em uma tenda esotérica no meio de uma paisagem gótica. E você achando que a vizinhança era o grande clichê do filme.
Perguntada sobre o mistério, Tania sentencia para Eileen: “Sua geladeira é um portal para o inferno”. Por mim, o filme acabaria aqui. Sério. Seria uma deixa perfeita para o segundo filme, em que Eileen e Juan formariam um exército sobrenatural “do bem” para o derradeiro confronto contra a geladeira. A batalha de Minas Tirith, em “O Retorno do Rei”, ficaria no chinelo. Mas o pessoal decidiu liquidar a fatura num único filme. Falta de tino comercial.
Resumindo a ópera de sangue, Steve é finalmente liquidado pela geladeira. Suas últimas palavras a Eileen são lapidares: “Nade, minha peixinha. Nade para bem longe daqui...” Alguém ainda dirá o mesmo a Iara, a sereia de “Mutantes – Caminhos do Coração”.
O confronto final com a geladeira é épico. Épico. Juan, Eileen, Tania e um ilustre desconhecido invadem o apartamento.  O desconhecido está lá apenas pra morrer rápido. Sétima lição: Cachorro que entra na igreja apenas porque a porta está aberta pode ser alvo da fúria sobrenatural. Oitava lição: Antes de filar bóia no apê do seu vizinho, pergunte se aquela agitação toda é mesmo uma festa.  Juan mostra seus dotes de toureiro/cowboy/tanto-faz e laça a selvagem geladeira. Mas o Mal ainda não foi vencido, como decreta Tania: “Nossos corações batem e nossos pulmões respiram em silêncio. Restam espasmos de esperança e fé em alguma coisa. Mas, se nós olharmos aqui, agora, apenas morte é o que existe e ela não se satisfez”. Bonito demais. Eu me arrepio.  
Imobilizada, a geladeira convoca um ataque de eletrodomésticos assassinos voadores e rastejantes. Nona lição, tirada da morte do desconhecido: Em hipótese, barbeadores elétricos podem produzir o mesmo estrago.  Vejam por si mesmos, pois achei a cena no Youtube. Mas é só pra dar um gostinho. Tentem assistir ao filme completo.  
No fim, restam vivos apenas Eileen e Juan, que se tornam dançarinos profissionais de flamenco. Sério. O apê é disponibilizado para locação novamente, com a tentadora geladeira incluída. A cena final resume o filme: uma cusparada nojenta pela janela, bem na cara de quem passa. É uma clara alusão a nós, espectadores. Pra fechar, a décima lição: Não leve a vida tão a sério, porque, no fim, todo mundo dança.

6 comentários:

  1. Esoterismo, feitiçaria e transgressões sexuais na... Geladeira Diabólica! hehehehehe
    Mel Dels!!! Eu quero ver esse filme logo!!!!! É poético, é romântico...

    Adorei a cena que a lixeira come a perna do desconhecido e a Tania num acesso de fúria enloquecida mata com o cabo de alguma coisa. Perfect!

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  2. A gente só não assistiu até hoje pq vc e a Marj estão enrolando! Rs! Mas, mesmo com essas decepções, a missão de disseminar o trash continua...

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  3. Parabéns pelo blog, você deu um novo sentido à minha vida.

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  4. Puta que pariu, que trash... Eu fui lendo e imaginando, comecei a rir... QUEM É O IMBECIL QUE PEGA O ROTEIRO DE UM LIXO DESSES E APROVA O FILME? QUEM GASTA DINHEIRO COM ISSO?!

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  5. Cara,
    esse eu não conhecia.............rsrs
    sinceramente, rachei o bico de dar risada aqui só no nome da película.......eheh
    Valeu, estou seguindo teu blog também.
    abraço

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  6. Nossa, faltou tanto a comentar sobre o filme... O urro monstruoso da geladeira, que talvez seja apenas mal-funcionamento do motor, a total falta de sentido no modo como a Tania ficou pra trás e morreu... Melhor deixar quieto.

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