Esmagador. Essa é uma das palavras que define razoavelmente o show de Tarja Turunen, soprano finlandesa e ex-vocalista do Nightwish, ontem em Sampa. Sua performance foi intensa, consistente e inspirada. Como ela já mencionou em diversas oportunidades, o público brasileiro é o mais "louco" (sic) e ela respondeu à altura e de modo emocionado ao frenesi do HSBC Brasil lotado. Ao contrário da postura um pouco apática vista em alguns shows desta turnê (compreensível em função do cansaço de apresentações consecutivas em países diferentes), ontem ela estava solta e com ótima presença de palco, vibrou muito com a massa, conversou várias vezes em português e chegou a demonstrar surpresa e decorrente emoção pelo público cantar em uníssono todas as músicas do set. Não é difícil entender a surpresa se compararmos com os videos dos demais shows da turnê, quando todo mundo grita e quase ninguém canta. Ontem todos participamos de um coral sincronizado, robusto e constante. Fico arrepiado quando me lembro.
Além do mais, aproveitando o que disse o Zé João em sua entrevista aqui no blog, a questionável postura do Nightwish ao demitir a Tarja e ao contratar uma vocalista com um timbre de voz completamente diferente gerou uma lacuna definitiva. Assim, o mais próximo que temos de ver e ouvir ao vivo o "velho Nightwish executando seus clássicos" é com a Tarja atual. E ontem nós vimos e ouvimos Wishmaster, Higher Than Hope, Stargazers...
Outro destaque foi Mike Terrana, o batera. O cara é uma figura e levantou o público, especialmente quando quebrou tudo com um solo cabuloso (ops!) em cima da famosa Abertura de Guilherme Tell, de Rossini. Claro que há ressalvas. Falta de educação e mal-entendidos marcaram a fila. O set list não foi aquele dos meus sonhos; eu faria, pelo menos, duas ou três mudanças (sem contar que considero ainda faltar um certo amadurecimento na maioria das composições). O adjetivo "esmagador", que inicia o texto, descreve muito bem a situação perto do palco. Faltou discernimento de parte do público sobre o papel de uma banda de abertura; e os simpáticos membros da Ecliptyka pagaram o preço da impaciência de alguns.
Ainda bem que guardavam meu lugar na fila quando eu ia ao banheiro... |
De qualquer modo, foi uma experiência única. Única. A relação que se estabeleceu entre a vibração louca (mas coesa) do público e a postura intensa da Tarja fez do show uma experiência transpessoal. Aquilo ali virou um organismo enorme, pulsante e docemente insano. Por tudo isso, posso dizer com tranquilidade que foi o melhor show da minha vida.
As duas fotos acima são minhas. Pensei em postar outras abaixo pra ilustrar, mas minha máquina não compete com as profissionais, de modo que preferi as excepcionais fotos do iG Cultura. Suponho que não há problema em postá-las se eu citar a fonte (Caso queira ver todas, clique aqui). Detalhe: através de várias pistas, identifiquei e assinalei minha mão na primeira foto abaixo (clique pra ampliar).