Bem-vindos!

Sejam bem-vindos! Este blog é uma tentativa de exercitar a insanidade de modo construtivo ou de destruir convenções via sanidade. Tanto faz. Caso você se pergunte sobre a minha seriedade aqui, explico com um trecho do Principia Discordia:

"- Você fala realmente sério, ou o quê?
- Algumas vezes eu trato o humor seriamente. Algumas vezes eu trato a seriedade humoristicamente. De qualquer forma, é irrelevante.
- Talvez você só seja maluco.
- Verdade! Mas não rejeite estes ensinamentos como falsos só porque eu sou maluco. A razão pela qual eu sou maluco é porque eles são verdadeiros."

Namastê!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

ENTREVISTAS EXCLUSIVAS: Zé João

O Consenso Insensato apresenta sua primeira entrevista exclusiva! E já com uma celebridade! Zé João é um dos meus amigos imaginários, uma das vozes na minha cabeça duelando pelo microfone. Ele é bastante aclamado por suas contribuições em diversos meios, o que lhe rendeu nomes em cada um. Ele é conhecido como ZJ entre a galera do hip hop, Billy (o irmão descolado do ET Bilu) entre os ufólogos, Mithrandir entre os elfos, entre outros. O fiel leitor deste blog deve se lembrar de ZJ como o auto-ordenado mestre zen da fábula budista em “A tosqueira como caminho espiritual”. Vamos à entrevista.

CI: Bom, se você é imaginário, como faz pra ir ao banheiro?
ZJ: Eu sabia que você perguntaria isso. Como você não imagina um banheiro pra mim, eu apenas faço o que tenho que fazer. Como resultado, você às vezes diz umas merdas sem saber o porquê.
CI: Ainda nessa linha, como pessoas imaginárias têm vida sexual?
ZJ: Com fantasias sexuais.
CI: Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?
ZJ: O ovo, caso estejamos falando de qualquer tipo, porque bichos muito mais antigos que as galinhas botavam ovos. Caso seja ovo de galinha, ela nasceu primeiro, porque o primeiro ovo de galinha foi posto por uma galinha, por definição. Por sua vez, a primeira galinha não nasceu de um ovo de galinha, mas sim foi uma mutação, nascida do ovo de outro bicho, um ancestral da galinha.
CI: Você sabe fazer alguma imitação?
ZJ: Sei imitar o Fiuk. Quer ver? Eu tenho foto disso... 

CI: Nossa! Realmente é igual. Tem muito a manha... Bom, apesar de não termos mencionado nada relativo à música, qual é sua banda favorita?
ZJ: Nightwish, na fase Tarja. Após a demissão dela, feita de um modo pra lá de questionável, e a contratação da Anette, a banda se tornou outra coisa. Penso que o timbre de voz da Anette combina com pop e hard rock, mas não com metal. Como o Tuomas tem de levar em conta o timbre do vocal quando compõe, aí resultou em algo meio híbrido que não me agrada. Por sua vez, a carreira solo da Tarja também enfrentou dificuldades e acho que apenas agora ela começou a se encontrar. Seu último álbum, What Lies Beneath, chega a ser interessante. Mas ainda não chega perto daquela combinação única entre a voz dela e as composições do Tuomas... Torço muito pelo progresso dela. Como tenho privilégios neste blog, segue uma amostra dos saudosos tempos:


CI: Se você pudesse migrar pra cabeça de outra pessoa, qual escolheria?
ZJ: Bill Watterson... Eu sempre quis conhecer o Calvin pessoalmente.
CI: Pensando em utilizar sua magnânima sabedoria em prol da humanidade, você não cogitou a cabeça de lideranças políticas, bilionários, cientistas de ponta...?
ZJ: Eu já estive em vários deles, não raro ao mesmo tempo. Em quem você acha que o Dawkins se inspirou pra formalizar o conceito de “meme”?
CI: Você já quis participar de um reality show?
ZJ: Já participei. Aquele bordão “faz parte” foi idéia minha.
CI: Mudando de assunto, você já provou sangue?
ZJ: Você é algum pervertido?
CI: Estou só checando como vão as coisas aí em cima. Enfim... Ainda no campo da saúde, você é alérgico a algo?
ZJ: A perguntas estúpidas. E àqueles cogumelos que crescem entre os dedos. Eu espirro toda vez que você imagina aquilo em mim.
CI: O que você achou da luta entre o Belfort e o Aranha?
ZJ: Resumindo, foi muito mais rápida do que eu esperava e gostaria, até porque fiquei acordado até as três da manhã pra assistir (risos). Mas o knockout rápido foi bom pra lembrar a todos o quanto as lutas podem (ou, como dizem muitos mestres tradicionais, devem) ser decididas rapidamente, de preferência com um golpe só. Ao mesmo tempo, é interessante notar que esse chute frontal, tão festejado pela mídia e pelo pessoal acostumado à luta de solo, é o primeiro golpe que se aprende no primeiro dia de aula de muitas artes marciais tradicionais. Não é ao acaso que muitas artes tradicionais têm como postura de guarda as mãos cobrindo a linha frontal do corpo. A guarda do boxe, tão usada no MMA pra proteger as laterais do queixo, deixa a linha frontal aberta. E aí deu no que deu.  
CI: Falando em disputas, perdi o jogo...
ZJ: Por definição, eu também...
CI: Que horas são?
ZJ: 23h08.
CI: Tô sem relógio... Valeu. Ainda temos tempo. Bom... um filme?
ZJ: Vários, alguns dos quais resenhados neste blog. Mas, recentemente, vi Cisne Negro. É sensível, poético, denso, magnífico... A fotografia, as atuações... “Foi perfeito”.
CI: Um passatempo?
ZJ: Contar carneirinhos.
CI: Um programa de TV?
ZJ: Fantasia.
CI: Um doce?
ZJ: Sonho.
CI: Finalmente, aproveito pra agradecer por sua ilustre presença e pra fazer a única pergunta que importa. Muitas pessoas têm dedicado sua vida inteira e mesmo morrido na tentativa de encontrar a resposta. Podemos dizer que mesmo a História teve, diversas vezes, seu curso determinado por esta pergunta. Assim, pra que sua sabedoria irradie em todas as direções como ondas concêntricas em um lago metafísico tingido por uma pedra filosofal, pergunto: Zé, qual o sentido da vida?
ZJ: 43. Aqueles que dizem 42 estão a um passo da Verdade.
CI: Perfeito. Alguma mensagem final pra nossos leitores?
ZJ: Apenas que... busquem conhecimento. Eu sei que vocês já ouviram a idéia. Mas aquele invejoso do meu irmão a roubou de mim. Ele sempre quis minha popularidade. Mas não é roubando minhas frases de efeito que ele vai conseguir.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Falando com as paredes

Nomeie objetos inanimados. Se eu pudesse dar apenas um conselho sobre o futuro, seria este: nomeie objetos inanimados. Os benefícios de se nomear objetos inanimados estão comprovados. Já o resto de meus conselhos não tem base confiável além de minha própria experiência. Dado que sou muito jovem pra ostentar conselhos na internet, recomendarei apenas a nomeação.



Quem viu Toy Story ou A Geladeira Diabólica já sabe meu argumento básico: nomear objetos inanimados é uma sábia medida preventiva. Vai que alguns deles (ou mesmo todos, vai saber...) são viventes secretos. Você já pensou que suas meias podem ter vida dupla? À exceção daqueles poucos segundos que você gasta pra eleger um par, as meias rejeitadas teriam o dia todo pra acumular ressentimentos e planejar sufocá-lo(a) durante o sono. Seu sono, leitor(a), não o delas. Porque temos de considerar a séria possibilidade de meias não dormirem... ou de serem sonâmbulas assassinas.
Uma vez desperto pros perigos de sua gaveta de meias, trema ao imaginar um mundo inteiro de objetos “inanimados” com vidas paralelas e rancores reprimidos. Os filmes trash não deixam dúvidas em uma coisa: formas de vida incomuns (zumbis, eletrodomésticos voadores, centopéias humanas...) são hostis, ainda mais quando magoadas. Se você não gosta que esqueçam ou errem seu nome, imagine uma vida inteira sem um nome para ser esquecido. E quanto uma toalha pode viver?
Assim, por prevenção, já nomeei um liquidificador de Sérgio, uma bike de Maria Helena, uma porta de Solange, entre outros tantos. Minha guitarra, Maria Helena II, tem até apelido.
Contudo, quando me senti protegido e contemplei o cenário com calma, descobri outro motivo pra nomear objetos: a compaixão. Nomeá-los é reconhecer sua dignidade como pessoas. É o início de uma convivência digna, baseada na aceitação verdadeira das diferenças. É um gesto de amor.
Nomeie seus objetos “inanimados”. Ajude a construir um mundo melhor e permaneça vivo pra vê-lo.