Bem-vindos!

Sejam bem-vindos! Este blog é uma tentativa de exercitar a insanidade de modo construtivo ou de destruir convenções via sanidade. Tanto faz. Caso você se pergunte sobre a minha seriedade aqui, explico com um trecho do Principia Discordia:

"- Você fala realmente sério, ou o quê?
- Algumas vezes eu trato o humor seriamente. Algumas vezes eu trato a seriedade humoristicamente. De qualquer forma, é irrelevante.
- Talvez você só seja maluco.
- Verdade! Mas não rejeite estes ensinamentos como falsos só porque eu sou maluco. A razão pela qual eu sou maluco é porque eles são verdadeiros."

Namastê!

sábado, 25 de fevereiro de 2012

A máscara caiu - parte 2

Esta é a segunda parte do relatório que reúne provas concretas e indisfarçáveis da realidade da Matrix. Pra entender melhor, veja a primeira parte do relatório.














E, por último, um clássico notório...



sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Efeito dominó

Brincadeira de criança,
como é bom, como é bom.
Guardo ainda na lembrança,
como é bom, como é bom.
Paz, amor e esperança,
como é bom, como é bom.
Bom é ser feliz com Molejão.

Grupo Molejo

Seres deste e dos demais mundos, voltei. E trago mais um “causo” do ônibus. Esta é a história de como me ferrei dando ouvidos a Anderson Leonardo (talvez, por afinidade óbvia) e levei gente comigo. 
          Em uma tarde chuvosa, ali por volta de 2007, eu retornava à minha cidade no costumeiro pão de forma com rodas. Você chama de ônibus. Naquela hora e meia de sacolejante viagem em pé, minha amiga Ana propunha assuntos amenos, em vão. Então resolvi me entreter de outras formas, procurando aqui e ali. Bem antes daquela puxa-saquenta comemoração de gol estilo “João Sorrisão”, decidi brincar com a barra horizontal fixa no teto do ônibus, pendulando o corpo pra trás (solto a barra) e pra frente (pego a barra). Meu gosto por esportes radicais me impeliu a continuar mesmo com o ônibus em movimento pela estrada queijo-suiçenta. Estou muito neologístico hoje.
         Crianças se distraem com muito pouco; e a viagem ficou quase agradável. Pego a barra. Solto a barra. Pego a barra. Solto a barra. Buraco. Ônibus sacoleja. Pega a barra, pega a barra, pega a barra!! Como o peixe escapando nervoso entre os dedos de Gollum em As Duas Torres, a barra me fugia enquanto o corpo caía pra trás, ao som daquela voz interior que dura uma fração de segundo, uma janela de torpor no meio do caos. “Eu não acredito que tô caindo... caindo no ônibus... cheio de gente... Não! Eu não vou cair! Que desaforo!”
Orgulho renovado, meu corpo inteiro acordou. Lutando pela vida, cada parte mergulhou na tarefa de impedir a queda de todo o conjunto. Não pisque, leitor(a), porque tudo durou um segundo. A mão direita tentou achar uma barra vertical e esbofeteou a cara da Ana. Esbofeteou, enfiou o dedo no nariz, no olho, não sei; foi tudo muito rápido e melequento. O pé direito buscou apoio atrás e encontrou uma sinfonia de socks e crashs que faria inveja a cada antigo Batman.
E assim teve um prejuízo imenso quem resolveu deixar bem atrás de mim suas várias sacolas de supermercado. Nem imagino quantos ovos, potes de iogurte e caixas de leite meu 44 quebrou. Mas os sons sugeriram um novo recorde. Em um feito que, por si só, valeria um filme, meu pé esquerdo pisou em falso (pois eu estava de costas praquela porta do meio) e só encontrou apoio num degrau abaixo. Sem sustento, meu joelho girou pra esquerda e espremeu contra o vidro a cabeça da moça que dormia em paz no primeiro degrau.
A mão esquerda tateou o ar sem apoios pra segurar e rostos pra bater, até encontrar uma barra vertical. Assim, um segundo após o buraco na estrada, lá estava eu, olhos fechados, mais ou menos de pé (tombado pra trás), agarrado à barra com a fúria dos que não se rendem. Mesmo morrendo de vergonha, lembro que senti orgulho do meu esforço. Um cruel silêncio imperou no longo segundo seguinte.
Quando criança faz coisa errada, deixa ombros encolhidos e olhos fechados até as coisas se acalmarem. Só então ela se aventura a contemplar o estrago. E minha primeira visão foi uma mão estendida pra mim. Mesmo em silêncio, o sujeito foi tão enérgico e rápido que logo me senti acolhido, protegido. “Você matou minha filha!!!”; e lá se vai minha ilusão de ser importante. “Tô bem, papai...”, disse uma voz abafada debaixo do meu joelho.
A viagem seguiu como começou (exceto pelas mãos firmes na barra, o pai checando os dentes da filha e Ana tentando um meio-termo entre a dor, a vergonha alheia e a vontade quase incontrolável de rir). Sabe aquelas coisas de filme que a gente sempre quis um contexto legal pra dizer, tipo “siga aquele taxi” ou “Luke, eu sou seu pai”? Aquele seria o momento perfeito pra um “Estão olhando o quê??”